Inteligência Emocional - Resenha crítica - Daniel Goleman
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Inteligência Emocional - resenha crítica

Inteligência Emocional  Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Psicologia

Este microbook é uma resenha crítica da obra: Emotional Intelligence

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-8573020809

Editora: Objetiva

Resenha crítica

O cérebro emocional

Um dos focos do estudo de Goleman é entender como funciona a arquitetura emocional do cérebro, especialmente nos momentos mais difíceis e embaraçosos. Nem sempre a razão fala mais alto e isso pode ser explicado por fenômenos neurológicos. 

Para isso, nosso autor tenta entender a existência das emoções que fazem parte do cotidiano da maior parte das pessoas. Principalmente, em demonstrações mais extremas. Por exemplo, os casos em que os pais se sacrificam para manter os filhos vivos. 

A hipótese dos biólogos evolucionistas é o “sucesso reprodutivo”. Mas o autor acredita em algo a mais. Nesse caso, emoções e paixões são diretrizes importantíssimas e a espécie humana deve boa parte de sua sobrevivência à força dos sentimentos. 

Uma visão da natureza humana que rejeita o lado passional é incompleta. Ainda assim, as emoções podem não ser guias tão confiáveis quanto foram para as últimas 50 mil gerações. A realidade moderna implica em um novo desafio. Nosso autor defende que as emoções são impulsos e sua etimologia está ligada à vontade de agir imediatamente.

Aqui, a proporção entre racionalidade e emotividade é gradativa. Se o sentimento é intenso, a tendência é ter uma mente racional inoperante e emocional atuante. O termo usado para as explosões emocionais mais intensas é “sequestro neural”. Uma parte do sistema límbico indica uma emergência e o resto do cérebro não responde por si.

Isso antes de o neocórtex descobrir o que está acontecendo. Por isso, o lado racional não funciona e a pessoa emotiva não entende suas próprias reações. Esse é um recurso disparado pela amígdala. Assim, a memória emocional se torna um guia pouco eficiente.

Boa parte das lições dos sentimentos vem de interações que aconteceram em uma fase muito inicial da vida das crianças e as reações podem ser equivocadas, apressadas e exageradas. É o estágio da “emoção precognitiva”, em que o gatilho é disparado com fragmentos não completamente processados pelo cérebro.

A natureza da inteligência emocional

Para lidar com esses conflitos, a inteligência emocional surge como um instinto básico, sendo importante na hora de controlar os impulsos, ler sentimentos e gerenciar relacionamentos. A definição tradicional de inteligência acadêmica não leva em conta a emotividade e pessoas com QI alto podem ter uma vida particular mal gerida.

A inteligência emocional também pesa no mercado de trabalho, trazendo os hábitos mentais exigidos na hora de se concentrar e ter pensamentos lúcidos. Howard Gardner, o fundador do conceito de inteligências múltiplas, entende o papel dessa ideia nos conceitos de inteligência interpessoal e intrapessoal.

Ainda assim, Goleman acredita que Gardner não investigou detalhadamente o papel das emoções, apenas das cognições sobre elas. Nosso autor defende a importância de competências como conhecer as emoções, lidar com os sentimentos, desenvolver motivação, ter uma boa leitura emocional e gerir relacionamentos.

A “pedra de toque” da inteligência emocional é a autoconsciência, se mantendo por dentro dos próprios estados de espírito. O inverso disso é a alexitimia, condição de quem não consegue verbalizar os sentimentos. Decisões boas costumam ser fruto de uma sintonia saudável com as sensações.

As formas de lidar com explosões emocionais e com os sentimentos pouco produtivos variam de acordo com cada sentimento. No caso da raiva, o ideal é interromper a cadeia de pensamentos raivosos, se afastando e se distraindo. Aqui, vale pensar em práticas como caminhada, já que o exercício ativa a musculatura produz um efeito parecido com o de técnicas de relaxamento.

Procurar informações atenuantes também pode ser útil para contornar o gatilho provocador da raiva e alguns pensamentos são reavaliados com simples anotações. Já a preocupação, é driblada com a autoconsciência, a atenção para perceber quando a espiral de preocupação surge.

Outra prática útil é o questionamento dos pensamentos que despertam a sensação negativa, frequentemente usada em terapias. A distração também é uma ferramenta válida para vencer a tristeza, assim como técnicas de relaxamento, promoção de ajuda a quem precisa, exercícios aeróbicos, cuidados com a autoimagem, sexo e comida. 

Vale armar sucessos fáceis, como fazer uma tarefa doméstica adiada. Nosso autor também recomenda uma técnica chamada “contenção cognitiva”, simbolizada pela percepção dos problemas com uma luz mais positiva. Ver os defeitos da relação em uma separação ou os pacientes piores ao ser internado são alguns exemplos.

Por fim, Goleman traz um peso especial ao otimismo e à esperança como traços que fazem parte das pessoas que mais se dão bem nas escolas e no mercado de trabalho. Isso porque não associam os fracassos a traços permanentes.

Inteligência emocional aplicada

Existem algumas razões pelas quais a inteligência emocional é uma aptidão tão importante e isso inclui a preservação dos relacionamentos mais valiosos, a melhoria no desempenho no trabalho e o favorecimento da saúde física e do bem-estar. Uma forma simples de observar isso é nos casamentos.

Há algumas diferenças na forma com a qual cada um dos gêneros lida com as emoções. Desde crianças, os meninos tentam demonstrar independência e autonomia, enquanto as meninas se consideram parte de uma série de relações. Essa é a razão pela qual o fim da independência é uma ameaça para os homens e o fim dos relacionamentos para as mulheres.

A predileção mais afetiva das mulheres faz com que entrem no casamento no papel de gestoras das emoções, um traço importante para a manutenção que costuma fazer falta nos homens. Essa interação é moldada especialmente pelos “pensamentos automáticos”, um conceito criado pelo psiquiatra estadunidense Aaron Beck, fundador da terapia cognitiva-comportamental.

São suposições transitórias que costumam não corresponder à realidade e revelam as atitudes emocionais de cada um. Homens e mulheres também agem de forma diferente durante brigas. Os maridos costumam ser mais fechados e evitar os atritos, enquanto as esposas são mais emotivas e tendem a manter o conflito por mais tempo.

Por isso, o ideal para os homens é não contornar a discussão, mas assimilar queixas como um ato de amor e de sobrevivência para o relacionamento. Ainda é importante não abreviar o conflito pensando em soluções rápidas. Desse modo, a esposa sente que está sendo ouvida em um exercício de empatia.

Já para as mulheres, a recomendação é tomar cuidado para não falar em tom agressivo. A queixa deve ser à ação, não ao ator. Manifestação de desprezo pode criar resistência e fazer o marido ficar na defensiva. O mais importante é fazer tentativas de reduzir a tensão. A inteligência emocional durante as críticas também é válida no mundo profissional.

Por isso, nosso autor recomenda alguns cuidados ao criticar, igualmente válidos na hora dos elogios. Isso inclui ser específico, oferecer uma solução, fazer a crítica pessoalmente e ser sensível. Os cuidados com a emotividade ainda são bem importantes no universo da medicina.

A razão é o fato de as emoções exercerem um papel importante, especialmente na comunicação. Muitas vezes, os profissionais transmitem informações com pouco cuidado e deixam os pacientes inseguros ou assustados. Isso pode ser um problema, já que as chances de sangramento, infecções e complicações em cirurgia são mais altas em pacientes amedrontados.

Nosso autor reforça a importância da inteligência emocional na saúde e no bem-estar das pessoas. Um exemplo é a raiva, uma emoção que diminui a eficiência do bombeamento de sangue e faz mal ao coração. O sistema imunológico também fica prejudicado sob estresse emocional, tornando as pessoas mais vulneráveis aos vírus.

Até o transplante de medula óssea dá mostras da importância das emoções, revelando uma taxa de sobrevivência maior em pacientes não deprimidos. Do ponto de vista clínico, o otimismo pode ser vantajoso.

Momentos oportunos

A infância é uma etapa importante no desenvolvimento da inteligência emocional, modelando os circuitos e tornando as pessoas mais aptas ou inaptas nesses fundamentos. Isso também é reflexo da relação conjugal. Uma interação emocionalmente competente no casamento costuma ser acompanhada de uma boa relação com os filhos.

Isso é visível em dinâmicas simples, como ensinar as crianças a jogar videogame. Alguns pais tem um estilo parental mais impositivo e tratam a inépcia das crianças com hostilidade. Assim, o tom de voz muda e os adultos agem de forma exasperada.

Uma outra forma de ensinar é com o uso da tolerância. Nesse caso, os filhos descobrem por conta própria a forma de jogar videogame, tendo os adultos como orientadores não impositivos e agressivos. Pais emocionalmente inábeis frequentemente ignoram os sentimentos dos filhos, dão pouco suporte e são exageradamente rigorosos.

Esse desenvolvimento começa no berço. Goleman traz à tona várias pesquisas que mostram a tendência de as crianças tratarem seus colegas da mesma forma que são tratadas. As maltratadas são mais desumanas e violentas, mesmo em uma idade muito pequena.

As crianças também internalizam a pouca sensibilidade dos pais e demonstram pouca preocupação ao ver os coleguinhas chorando. Seu crescimento tende a trazer à tona problemas de aprendizado, rejeição, inclinação maior à depressão e maiores chances de terem problemas com a lei.

Crianças agressivas frequentemente são filhos de pais críticos e ameaçadores. Nosso autor ainda ressalta que, embora as pessoas não tenham controle sobre quando acontecem suas explosões emocionais, é possível controlar sua duração. Manifestações curtas são mais comuns em pessoas emocionalmente maduras.

Por isso, temperamento não é destino. Hábitos emocionais podem ser contornados e suas lições, reformuladas. Esse tipo de aprendizado é um projeto para a vida. Muitas vezes, a tendência para um certo tipo de personalidade é inata e determinada geneticamente. 

Ainda assim, esses traços podem ser contornados ou reforçados durante a infância. Para nosso autor, os sentimentos até podem ser um dado biológico, mas as pessoas não estão necessariamente restritas pelos traços hereditários a um grupo emocional específico.

Alfabetização emocional

Chegar à maturidade sem desenvolver a inteligência emocional pode representar uma série de riscos. Isso inclui depressão, violência, vícios, distúrbios alimentares e desempenho acadêmico ruim. Os educadores já têm percebido que a inteligência tradicional nem sempre está na origem dos problemas dos alunos e o analfabetismo emocional pode ser um problema mais alarmante.

Ainda assim, o assunto não ganhou seu espaço no currículo escolar. Alguns professores defendem sua importância, especialmente para os incidentes violentos nas escolas, que costumam ocupar as páginas dos jornais.

Boa parte dos traços complicados em adultos podem ser vistos já nas crianças. Por exemplo, a interpretação das derrotas de modo pessimista, inflando o senso de impotência e desesperança. O mesmo vale para a rejeição, um momento simbólico na infância.

Crianças que são rejeitadas e associam isso a algum defeito pessoal tendem à depressão, enquanto as que sentem que podem fazer algo para contornar isso poucas vezes ficam deprimidas. O otimismo tem efeitos em todas as fases da vida.

Embora condições familiares e econômicas possam interferir na forma de encarar os problemas, a inteligência emocional define como essas dificuldades vão ser assimiladas, dando um núcleo de maleabilidade para lidar com os problemas. As pesquisas ainda mostram como isso pode promover resultados práticos.

Crianças que tiveram aulas de alfabetização emocional se mostraram mais resistentes à pressão e são menos suscetíveis às drogas, além de contar com melhores notas e um desempenho escolar mais positivo. Para o autor, a ideia ajuda a promover caráter, cidadania e desenvolvimento moral.

Apesar da relevância, é um tipo de educação difícil de ser encontrada e a maior parte dos pais e educadores nem sabe que a alfabetização emocional existe. Goleman defende que a crise que a humanidade tem vivido exige que essas aptidões sejam ensinadas o mais rápido possível.

Notas finais

Ao revelar como as emoções funcionam e qual sua importância na vida das pessoas, a Inteligência Emocional faz cair por terra a crença de que a racionalidade é a aptidão humana mais importante. Investir em educação emocional pode ser uma forma de investir em um futuro melhor para toda uma geração.

Dica do 12min

Daniel Goleman tem uma obra variada, em que explora vários assuntos ligados à inteligência emocional. Em seu livro Foco, o autor conta como a atenção funciona e qual sua importância para o sucesso. Você pode conferir aqui, no 12min.

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Quem escreveu o livro?

Daniel Goleman é um psicólogo renomado internacionalmente que trabalha com públicos de negócios e universidades. Além disso, ele também atua como jornalista de ciências, escrevendo sobre nosso cérebro e ciências comportamentais para o New York Times por anos. Goleman possui livros publicados sobre criatividade, transparência, meditação e inteligência.... (Leia mais)

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